terça-feira, 14 de julho de 2009



VIDA FRÁGIL.

Vidro,
a vida na minha mão.
Mãos, não tenho mais,
já era a vida!
Quebrada aos cacos
vida partida, dupla,
cada pedaço um conto,
cada conto uma fase.
Cacos pequenos: criança,
maiores: adulto.
Nem sempre certos
porém, donos da razão
que em uma fração se acaba
pois os cacos são jogados fora
como as lembranças
como as histórias
e também a vida...

sexta-feira, 10 de julho de 2009



NOSSO TEMPO É PRESENTE

Hoje
Nosso clima é o mesmo.
Nosso mar,
Na mesma margem,
É um lago.
O frio que te castigava
Era o calor que me desidratava.
Hoje
O calor de nossos corpos,
Causa inveja ao sol tropical.
Corpos,
Que não se conheciam
De almas errantes,
Cúmplices amantes.
Hoje
Distância não há
As barreiras caíram
A língua é uniforme
No ente querido
De corpo presente.
Hoje
Depois de tanto viver
De tanto aprender
De tanto sofrer
De tanto sonhar
De tanto querer
Nos tornamos dois,
Em cada um.
Hoje
E sempre...

quarta-feira, 8 de julho de 2009



A VIDA PASSA...
...OS PAPÉIS NÃO.


Papéis
Da minha vida:
Bilhetes
Fotos
Cartas
Cartões
Certidões.
Alguns portam:
Paixões
Arranhões
Palavrões
Declarações
Amores
Lembranças
Brigas
Rumores.
Todos contém:
Amigas
Ausentes
Esquecidas
Presentes
Sorridentes
Confidentes.
Eternamente
Mulheres amadas
Cada uma no seu tempo
Cada qual um pensamento
Sempre guardadas
Em uma caixinha de bombons.
Os papeis são fragmentos
De cada dia
De cada sorriso
De cada desacordo
De cada contentamento
De todos os amores
De todas as alegrias...
Ah! Como são bons
Meus pensamentos
Minhas lembranças
Nossas esperanças
Dentro da caixinha
De bombons.

segunda-feira, 6 de julho de 2009



CENTRO HISTÓRICO

Das ruas nascem as histórias.
Das pedras encaixadas sobre medida,
Nossa vida iludida.
Outra pedra
Novo encaixe
Plana
Boa para dançar
Samba.
Sambar
Dançar
Bambolear
Em cada ladeira
Pelas vielas
Via-sacra por todas as capelas
Com direito a pachorra
No largo das donzelas.
Rua,
Que nasce das pedras
Traga-me uma mulher
Que me faça feliz
Esta,
Se algum dia me iludir
Deixe-me ao menos sorrir
Pois sou a pedra
Plana
A espera de ti.
Sambai!
Dançai!
Bamboleai!
Divirta-se em cima de mim.

quarta-feira, 1 de julho de 2009



GUERRA

Seremos então só morte,
morte pútrida
num corpo forte
onde a alma se esvai.
Seu cheiro suplica a presença de outros,
logo acontece.
Tem um vizinho novo,
outro morto, jovem.
Unem-se os cheiros
acumulam-se os corpos,
como se fossem porcos.
A guerra acaba,
mas a dor não passa
Morte, é o que fica.
Morte que nos arrasa!
Morte que nos atrasa!