domingo, 30 de agosto de 2009



CADA UM TEM SEU DRAGÃO

Meus amigos não mais sapateiam
Ao som de Jorge Bem Jor.
A falta do coqueiro, os sapatos
E a idade os impedem
Ou será porque são pais?
O que sei é que pulei e sapateei (calçado)
A noite-madrugada a fora
E mesmo na falta dos coqueiros (daquele bar)
Dos amigos
E do tempo
Eu vi o Jorge montado em seu cavalo branco
Lutando contra todos os dragões de nossa adolescência...
Um Jorge com frio
E pele de menino.
Um Jorge imortal
Como nossa amizade...
Os quatro cavaleiros do Apocalipse
-que, na verdade, eram cinco-
Não estavam todos lá
Mas os representei da melhor forma possível:
Com direito a muito álcool, só pra desinfetar...
Nossa amizade é eterna como
A imagem imortalizada de São Jorge
Com sua lança cravada no coração do Dragão
Imortalizada como a dor de toda nossa nação
Imortalizada, como nós irmãos,
Os cinco do apocalipse...
Salve Jorge!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009



SURPEFÍCIE SUJA

A mesma superfície da mesa suja
Limpa-se com o passar da mão, caminho
Limpo, cercado de poeira impregnada
Vinda do vento da construção.

O corpo não se limpa com o passar de mão,
A poeira é muita, poeira estacionada
Por trinta e cinco anos. Poeira
Ou pele?

Corpo e mesa redondos, quatro pés
Ambros,
Mas com funções diferentes e modificadas
Pela evolução.
A mesa é para quatro (cadeiras).
O corpo é só.
Um nasceu para ocasião.
O outro por ocasião.
Ambos na junção de corpos.

Mesa e corpo; corpo mesa
Objetos para enfeitar a sala;
A casa; a rua; o bairro; a cidade;
O município; o estado; o país;
O continente; o globo
Enfeite de vidro e ferro e pó.
Enfeite de osso e víceras e sangue, só.

Um corpo como simples objeto:
Corpo utilidade; corpo função;
Corpo que não sustenta a alma,
Porque corpo é mesa:
Mesa de servir jantar,
Mesa de baralho,
Mesa de beber,
Mesa de lamentar
Mesa é corpo
Corpo: mesa de problemas

O corpo vira poeira e pó.
O corpo vira comida de bicho.
O corpo vira gás: incha e explode.
A mesa fica...
A mesa fica...

Mesa
(Teto de cachorrinha preta que me fita com a caneta na mão. Teto de criatura amor, curiosa e arteira.
Teto empoeirado de chão de madeira).


Mesa
Sempre a espera de mais poeira
De mais pó
Vindos de outra construção
A espera de novo corpo que lhe passe a mão.
A mesa fica...

Vou...
E a mesa fica,
Sustentando minhas palavras
Escritas
E um pouco do mundo
Imundo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009




SEMPRE MENINA


Algo estava diferente quando acordei no sétimo dia, o de programa de auditório e almoço em restaurante self-service. Logo que abri os olhos sua imagem me veio à lembrança e recordei o dia em que te conheci. Bem... conheci, não, apenas te vi. Porque foi só isso que me deixou fazer. Ao me ver, escondida atráz de uma porta, logo tombou seu corpo para dentro da casa transformando-se de imediato em uma meia pessoa, de uma simetria bi-lateral perfeita, como a estudada nos livros de biologia; via apenas sua parte esquerda: o olho, meio nariz, mão, ombro, tronco e perna; era a metade de menina mais perfeita que já tinha visto.
Desde então minha vida foi conquistar sua atenção: uma risada, o afeto, um abraço, um simples aperto de mão. Várias foram às vezes que me procurou para sanar suas dúvidas de criança, de adolescente e certa hora de mulher. Aconselhei; protegi; indiquei caminhos a seguir, não sei para que! Você sempre me antecipava e já sabia o que fazer para curar e extinguir a dor do amor. Amor que nunca vivera de verdade. Por enquanto só o encontrou e experimentou em quantidade e pouco teve em qualidade.
Você me trás à tona o amor infantil, sem desejo, amar por amar. Amor que da vontade de exibir o que sei fazer de melhor no jogo de bola; nas empinadas e derrapadas de bicicleta; nos recordes no vídeo game e nas notas da escola. O infantil amor dos olhares no recreio, sempre regados a sol, merenda nos pratos de plástico azul e risadas maldosas dos colegas, que são mais crianças que nós e acham que tal olhar é desejo de se transformar no sexo oposto. Coitados, tão crianças! Não sabem ainda que o amor não passa disso: transforma-se em uma outra pessoa, em uma única criatura.
Torno a ser infantil, eu que já estou velho e barrigudo, no auge da minha gagueira dos trinta e um anos de bebedeira. Velho perante sua vida de alegria. Sua vida intensa. Seus intensos casos. Ah, esses casos! Como tem a capacidade de amar tão fácil uma pessoa, e como ama tanto essa pessoa em um espaço de tempo tão curto. Sempre digo que seu amor é instantâneo, igual a nescau: basta mexer com uma colherinha e pronto! Rápido também é sua facilidade de desamar tal pessoa. A cada encontro que temos você já enterrou o último amor tão fundo que nem arqueólogos mais experientes encontrariam vestígios do desalmado!
Sua felicidade é contagiante; suas histórias deveriam ser escritas e publicadas, seriam best-seler na certa; sua sinceridade nos corta como navalha e nos delicia como o melhor doce da geladeira, que pegamos ao acordar para adocicar a boca amarga; seu sorriso clareia o dia nublado; seus olhos felinos nos tranqüilizam; sua embriagueis nos faz dançar. Nunca perca sua intensidade. E mesmo aos vinte, seja sempre a menina que me faz voltar a brincar...

terça-feira, 25 de agosto de 2009



O SUSSURO


Eu queria que um dia o mundo parasse para tentar escutar os sussurros do meu coração. Nesse dia não haveria o canto dos pássaros. As minhocas desistiriam de perfurar o solo por esporte, cobrariam pelos túneis que fazem as raízes respirar. As árvores morreriam, não pagariam pelo ar. Os incetos secariam, não haveria sangue. Vida não haveria nos mangues. O blues seria ainda mais triste. O álcool não aliviaria a dor. A mulher não valeria pra nada: parir, amparar, amar. O cachorro seria nosso maior inimigo, espalharia nossos segredos aos quatro cantos, quando começasse a falar. O mar estaria de ressaca, ainda bêbado, irritado com a lua que o fez chorar. No céu nuvens pesadas e sombrias avisariam a chegada da chuva esperada, que não seria o alivio sonhado, tornar-se-ia em dilúvio, rasgando a terra seca fazendo o sangue barroso ancorar na poça próxima. As cigarras não cantariam para chamar a atenção de suas parceiras, cruzariam com qualquer uma. As formigas não mais trabalhariam, viveriam vagabundas e bêbadas como o mar, pois saberiam que nada mais adiantaria. As joaninhas já sumiram: são videntes. As borboletas seriam lagartas para sempre. O jabuti despiria sua armadura, seria presa fácil. A cobra conquistaria seu velho desejo de voar. O sol desistiria de lutar contra as nuvens. Nas cidades, sobre o pó dos restos das construções os homens sumiriam, implodiriam ao botar para fora sua dor. No campo, os animais agonizariam a falta de alimento para seu sustento. O leite azedaria. As plantações não dariam um só grão, um só fruto, um só ar de vida. O verde se apagaria. A única cor seria a falta total de cor: preto. As pessoas não viveriam juntas novamente. O fim da sociedade. O fim do cortejo. O fim do romance. O fim. Se os sussurros se tornassem gritos: Avalanches destruiriam civilizações inteiras. O mar invadiria a terra, lavando os podres do chão. Os vulcões inativos acordariam irritados com tamanha algazarra e cuspiriam fogo nos mais próximos e gases tóxicos nos mais distantes. O petróleo se espalharia pelos rios, tornando-os veias mortais. A água de beber teria cheiro de enxofre e gosto podre. Os ferimentos se abririam, inflamariam, matariam. Alguns morreriam de susto com o grito agudo, outros morreriam por morrer, simplesmente não haveria mais nada no dia seguinte. Viver pra quê? O mundo pararia para o sussurro e se dissolveria perante o grito. Esse dia há de chegar, tanto o do sussurro, quanto o do grito. Ou torçam para meu coração parar! Nesse dia o mundo se salvará, assim que meu coração se acalmar. Alegrem-se! Vivam! O mundo está salvo. Morri. E junto foi-se o grito e o sussurro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009



COMPLEMENTO À FIDELIDADE

...ao soneto da fidelidade de Vinícius de Moraes...
Atual, forte e real
Assim vejo os versos dele,
Uso-os como sussurro em seus ouvidos
Para sentir o perfume do seu corpo,
Decorar a silhueta da tua nuca,
Ouvir seus gritos de prazer,
Acariciar sua pele arrepiada
Após as mordidinhas
No pescoço...
Risos e gestos de carinhos...
Olhos meigos...
Um momento de nada... sem nada...
Branco total dentro da cabeça,
Apenas o momento
....
Seu gosto mistura-se ao meu.
Isolados de tudo,
De todo mundo...
Nos tornamos um só:
Infinito, imortal e real
Enquanto dure.

domingo, 23 de agosto de 2009



TARDE (E) SEM CHUVA

Meu amor, dôo-te minha felicidade
Para que possas rir em língua estrangeira
E se agasalhar com meu sorriso.
(Lá fora o barulho é ensurdecedor
Murmúrios de vozes sem rostos
De pessoas sem nome
De vultos sem corpos).

Dôo-te não só a felicidade
Como também as batidas de meu coração
Para que ele possa acelerar seu sangue
Suas metas de vida
Sua volta
(Lá fora parece que vai chover,
Mas não chove)!

Aqui ta frio,
O sol se foi com você, por quê?
Dê um drible na noite,
Volte para o lado de cá
E traga o sol de volta
Com você.
Traga de novo minha luz,
Porque lá fora
Não tem nada, não tem ninguém,
Só lembrança e lamentação
E solidão.

Traga de volta o meu sol!
Para o ipê, que vejo no horizonte
Volte a brilhar.
Para que o canário volte a cantar.
Para que o bem-te-vi,
Possa te falar:
Que bem que te vi.

Lá atrás do morro, no fim da minha vista
Parece que estou vendo um clarão...
Esperança de ser você
Voltando com
O sol no coração...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009



PELA MADRUGADA

Deparo toda noite
Parado no espaço
Perdido e vagando
No mar das idéias
Da tormenta vinda de mim.
Surge a amizade
Como um bote salva-vidas.
Amiga
Que mostra,
Que mesmo perdido
E distante a quilômetros
Existe um amor.
Amor
Que não é feito de carne
Mas é fiel
Incondicional
E imortal.
Nem mesmo uma tempestade
Nos separa.
Estou presente em ti,
Assim como você está em mim.
Somos um único coração.
Madrugue sempre comigo
Meu amor irmão.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009





ÓSCULO

Ei, cadê você?
Eu com minha miopia
Você com seu tamanho
Quase inexiste, embaça, some.

Um grau e meio
Um metro e meio
A um passo e meio
Perco-te, receio.

Agora pronto!
Estou ao encontro
É quase um encanto

Óculos na mão
Realiza-se o desejo
Vejo-te e beijo!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009




ESPELHO

Me reconheci espelho de mim,
Em preto e branco,
Como imagem de filmadora refletida na televisão
Eu dentro de mim...de mim...de mim...de mim...
Infinito...
Até o fim.

terça-feira, 18 de agosto de 2009



O RADICAL MUNDO NOVO


Ta aí, foi com os trintinha mostrando sua presença nas marcas que o tempo traz ao nosso rosto, que resolvi, num súbito momento de loucura ou desespero, não me lembro bem, só sei que não pensei muito no assunto. Resolvi. Fui lá e me matriculei em uma academia de ginástica. Ponto. Pronto.
Nunca tinha praticado um esporte com freqüência respeitável, ou saudável como uns gostam de chamar. Esporte para mim tinha a freqüência de um natal, com a durabilidade do carnaval, com o esforço físico de uma partida dificílima de sinuca disputada com um companheiro de cabulação de aulas.
Chegando à terra desconhecida me deparei com os mais estranhos e sinistros aparelhos de ferro espalhados por uma sala iluminada e cheia de espelhos, pareciam ter saído de uma série de ficção cientifica dos anos cinqüenta ou máquinas de tortura usadas pela inquisição para mostrar a pureza do Cristianismo os pagãos remotos. Fui apresentado a todos os aparelhos pelos seus respectivos nomes, cada um melhor que o outro, uns simpáticos outros nem tanto, gostei em especial do apolete, nome apetitoso, carinhoso, digno de apelidar intimidades femininas, quando lhe damos personalidades e vozes. Ah! apolete...
Passando-se as apresentações teve inicio a fase da tortura em si, comecei a usar as máquinas. Cada uma tinha o movimento certo para o músculo apropriado, uma endurece isso, outra aquilo, no geral todas servem para endurecer sua carne te transformando em um gado impróprio para consumo canibal, mas muito apreciado aos olhares de espécimes do sexo oposto. Funciona assim: começa numa correria transloucada, que nunca se chega a lugar nenhum e não se vê a paisagem passando a sua volta, após um tempo determinado um bib lhe diz a hora de parar e mudar de suor. Chega a vez de levantar pesos, balançar pesos, baixar pesos, empurrar pesos, xingar os pesos, chutar os desgraçados, querer matar quem inventou essa merda, puxar a merda, empurrar a merda, levantar a merda, baixar e balançar a merda. Burro, é assim que me sinto, um típico burro de carga que trabalha sob o sol com os incentivos das chicotadas de seu dono que só sua quando levanta o braço para o próximo estalo no lombo eqüino. É o prazer do instrutor te lembrar o próximo trampo, dá para escutar o chicote te cortando a carne. Os instrutores não passam de sádicos. Mas assim como os burros: acostuma-se.
Um dia correndo na esteira, a estrada sem destino, me deparei cantando uma música, o alivio veio ao meu encontro, foi como nascer de novo, esquecer todos os males, me desligar do mundo, ser o mundo sem ninguém, só o mundo. Quando vi tinha parado de correr e começado a andar com um gingar no corpo, um andar malandro, com os braços balançando em sintonia alternada e só uma frese me vinha a mente: “ei dor... eu não te escuto mais... você não me leva a nada, ei medo não te escuto mais... você não me leva a nada... e se quiser saber pra onde eu vou... pra onde tenha sol... é pra lá que eu vou...” Foi assim que perdi o medo da academia. Mas ainda continuo procurando o sol.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009



MUNDO RACIONAL SUPERIOR


Sair do sonho
E entrar no esquema,
Perder a inocência do sonhar
Para o verbo ter!
Perder a pureza
E padecer no mundo da realidade!
Cada um quer ter,
Cada vez mais,
Uma quantidade maior
Que a do outro.
Ter coletivo:
O ter que esgota
Que seca
Que definha
Cada sonho e realidade.

sábado, 15 de agosto de 2009



ÍNSULA

Pedaço de terra jogado ao vento
Desprezado pelo continente,
Presa ao mar por âncora de amor.
O mar te ama e te acaricia
A cada vai-e-vem de ondas
(Massagem na pele de areia e pedra).
Amor: cercado de terra: cercado de mar.
A saudade faz do planeta uma ilha
Cercada de vazio e escuridão:
Flutuante amor a vácuo.
Ilha, do sorriso aos pés
Do desejo à volúpia,
Quem te cerca sou eu:
O mar que não a deixa à deriva...
Te abraço a todo instante
E me misturo a você, em você,
Na forma de grão, espuma branca
E amor e sal...
Corroendo-te e trazendo-te
Dia após dia, aos pedaços
Para dentro de mim:
Amor de mar corrói
Amor de mar cerca
Amor de mar
Amor de mais

mar amor mar amor mar
amor mar ILHA mar amor
mar amor mar amor mar

quinta-feira, 13 de agosto de 2009



NA NOITE ANTERIOR A HOJE

Inseto
Que voa esbarrando na noite
À procura de luz.
Zunido incandescente à lâmpada,
Perdeu agora sua espada envenenada:
Ferrão e abelha no chão.
Apaga-se a luz
Tudo se esfria, escurece
O sono me chama
A guerreira morre.
E as outras onde estão?
Morreram como os meninos homens,
Hoje corruptos,
Que visavam a grande colméia em 64?
Somos hoje produto do pólen,
Filhos da colméia
E secamos cada favo de mel
Sem repô-los, secamos tudo:
A luz,
O zunido,
A espada,
O sono,
O sonho,
O mundo.
Seco e moribundo
Retiro-me
Torrado à luz incandescente.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009



CORPO HUMANO

...parte material...

Porção limitada de matéria
Substância física
Camada de células
Junção de músculos
Conjunto de ossos
Bolsa de água
Mangueira de sangue
Poço de banha
Tubulação de tripa
Fábrica de bosta
Esgoto de escroto
Colônia de vírus
Pote de carne
Alimento de chão.

...oposição à alma...

(*) (*) (*) (*) (*)



ERA DO ERAMOS


Vivemos na era da gripe dos bichos
E das mulheres frutas.
Morre-se de gripe suína: espírito de porco?
Padece-se de gripe aviária: caldo de galinha?
Come-se morango, mamão, melancia, goza-se?
Não mais sentimos os gostos das frutas
Sentimos o cheiro da pele molhada de suor
Por seus movimentos de amor.
Mulheres perecíveis, de venda fácil e de validade curta.
Não! Mulheres mulheres.
Basta!
Os animais, pobres-diabos, levam a culpa,
Que hipocrisia...
A gripe é do homen, que se faz de besta
Enquanto aniquila as frutas, as mulheres,
Os animais, o tempo e o sexo.
Restando apenas a gripe
a culpa, e
A mesma morte suína:
Com a faca cravada no sovaco e
O sangue a jorrar junto com os gritos de pavor
Porque?...porque?...porque?...
...
Até o silêncio do fim
De cada um.

terça-feira, 11 de agosto de 2009



LEVANTAR DA NOITE

Homem que constrói
Que levanta cidades,
Pontes e escolas – faz faculdade -
Nunca teve tempo de construir o seu amanhã
Pois, homem que constrói tem que construir,
Não progredir.
Homem que mata a fome do mundo por concreto,
Quase não come, só come quando dorme – sonha:
Sempre almeja algo de concreto para o filho
(que herde sua força, não sua construção)
Cresça filho do homem, com o estudo em busca do pão.
Pão, razão maior do homem que constrói.
Todo dia: pão, pão, pão...
Segue adiante o homem
Construindo o mundo
Dos filhos dos homens
Que comem e matam e consomem
E subornam e roubam e destroem!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009



DISPERTAR

Ao te ver...
Um clarão, um brilho,
Sol...
Nossos olhos se encontram,
O seu nunca se apaga,
Ofuscam até minhas lembranças...
Ah! Tua boca...
Sempre feliz e evidente e fácil e ágil e manheira...
Cada olhadela: minutos de êxtase.
Cada sorriso oculto: vontade de estar junto.
Amamo-nos sempre em datas prefixadas...
Desejamo-nos por anos a fio...afins.
Os olhares se fixam, o corpo treme
Até que um pára, reflete e sabe,
que não seremos mais que o desejo
de algum dia nos tocar,
para que ao menos,
possamos nos amar...



...Sou louco...de rir...de chorar...de iludir...você pode comigo...sempre pôde...O que será que ando fazendo aqui?


COSTUMES

Os muros da minha prisão são construídos com meu egoísmo.
Os portões com minha desconfiança.
Os guardas com minha consciência.
A fuga, com meu amor.
...

terça-feira, 4 de agosto de 2009



OLHOS DO MUNDO

Faço
Fosso
Fundo
Mundo.

Faço
Fosso
Grosso
Fundo
Mundo.

Grosso
Faço
Mundo
Fosso
Fundo.

Mundo
Fundo
Fosso!
CADA SER

Apenas Somos
Sonho,
Soneto,
Fomento,
Folheto,
Esqueleto.
POÉTICA

A dor é a melhor
companhia da pena
De um poeta
Pateta!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009




ÚNICO CÁLICE

Tempo sem fim...
Pensamento finito...
Vinho que acaba
E mata o advento do
Infinito.
Infinito fosse o vinho
Transformando o pensamento
Em tempo.
Tempo ímpar
Dentro de um cálice de vinho.
Vinho, pensamento intuitivo,
Íntimo e indefinido
Venha a mim
Infinito copo
E cale-se.


SIMPLESMENTE FLORES


Ah... as flores
E seus movimentos.
Momentos de amores,
São tantos e todos felizes.
À luz do dia
Ao vento da noite
No gosto do suor que sai de cada movimento
Sob sol da tarde,
No dia que arde.
Flores... e seus movimentos de amores
Sentimentos reais,
Tais quais palavras sua:
Que fazem a alma rir
Que movem pedras
Que aniquila mágoa
Que dissolve o medo.
Flores...
Incontáveis,
Como meus sentimentos.
Fixas,
Como meus pensamentos.
Refúgio,
De o meu gostar.
Porto,
Do meu prazer.
Flores que trazem pra mim
Não perto do fim
A amada,
Idolatrada
Simplicidade de um inseto:
Carrapata,
Alimente-se de mim...


ANDAR

O sol se põe
Todos os dias
Em frente à minha casa,
Prenúncio do caminhar
Mais intenso
Que já presenciei
Andar loiro
Andar macio
Andar limpo
Andar perfumado
Andar delicado
Andar concentrado
E sempre infiltrado
No seu mundo.
Andar que nunca sai
De seu telefone celular,
Pois só fala com a máquina.
Que vontade de ser tal aparelho
Para nunca abandona-la
Levaria-me onde for
Nas suas caminhadas,
Na escola,
Nas rodas de amigas,
Para dentro de casa,
Na cama,
À mesa,
De frente à televisão,
Nos banhos demorados,
Nos toques carinhosos de frente ao espelho.
Transformaria-me em cada parte de seu corpo,
Ou, poderia ser a voz do outro lado
Uma voz sintética,
Mas cheia de amor;
Te amaria sem cogitação,
Nunca teríamos estática,
Jamais me trocaria por modelo mais novo.
Queria que olhasse para cima
E visse que a amo mais que seu telefone.

...

Pena que para você, não possuo bateria.
Pena que para você, não caibo na sua mão.
Pena que para você, sou de carne e osso.
Pena que para você, em seu mundo
Sou mudo.



SABE-SE LÁ

Santa devassa
Devassa santa.
Uma pode ser várias
Várias não podem ser uma.
Aquela que quando olhamos
Olhamos bem no fundo dos olhos
E sentimos,
Sentimos algo inexplicável...
Um sentimento incontrolável...
Sem dúvida,
Simplesmente sabemos...
É ela...é ela...
É quando decidimos trocar todas
Por uma,
Uma única
Santa devassa
Devassa santa
Essa será sua eterna
Mulher.



BÔNUS

A graça dos bônus.
Sem saber o tempo a falar,
Falando apenas por falar:
Em todo intervalo
Em toda hora vaga
A cada novidade
A cada bebida experimentada
A cada cheiro exótico
A cada comida de boteco
A cada lembrança do ausente;
Saudades caninas...
Histórias da classe
Casos da academia odiada
Perfil dos mestres
Tempo percorrido
Falar por falar.
Comparado ao amor,
À procura de um bom sinal:
Infinito
Interminável
Amor de bônus
Sempre recarregado
No começo de cada mês
Para o ciclo tornar
E o mesmo romance
Recomeçar.