terça-feira, 9 de fevereiro de 2010



PARADOXO

Como um desenho por vir,
Como um texto a existir,
Como o dia a surgir,
Precipito...
Tudo parece fora do lugar:
A rotação descompassada da translação.
Constante disritmia cardiorrespiratório.
Eterna luta entre razão e insensatez.
Sentimentos à deriva,
Quem mais é assim?
Querem destruir os amores inventados
E guardados para mim!
É tão difícil cruzar o espaço sinuoso até você,
Haja vista que a vida é curta
E a droga da bateria está acabando...
Vestígios das marcas dos pés
Deixados no chão de areia fina
Que são as lembranças daquela vida
Exposta ao vento,
Ao sal
E ao sol...
Proteja-se das manchas!
Eta! Palco pequeno que parece não caber dois corpos!
E se couber,
Será que suportará seus pesos cheios de vazios alheios?
Cena ridícula essa que passa no espetáculo que é a vida!
Somos pétalas livres da corola
Sopradas para bem longe
Fora do alcance da haste que nos nutre,
Tornamos-nos dispersos e mortificados!
Os gritos estão presos dentro de sacos de papel
A espera de alguém que os rompam,
Que os rompam com o aperto das mãos,
Causando a explosão de liberdade do grito ensurdecedor
E a autonomia do ar
Que retornará à atmosfera
Movimentando vida,
Aliviando o peito
E evitando a implosão dos corpos sufocados.
O ar é a paz!
O amor é o saco!
Onde não houver amor não haverá paz?
Nesse vértice busco encher os pulmões
Com o mais puro oxigênio,
Vivo!
Só resta agora
A coragem de sair cantando:
Alegria...
Alegria...
É manhã de um novo dia...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010



REAL . mente

Quando um homem está
Reduzido à solidão
O mundo parece estático,
As palavras são mudas,
Os gestos se tornam escoras,
Os pensamentos,
Só estes trabalham...
Aparecem mil vultos,
Dezenas de lugares,
Cenas de um filme,
Um cigarro aceso...
O peso fora dos ombros...
Os ombros fora do corpo...
O inconsciente navega pelos rios de fumaça,
O corpo se relaxa em puro prazer
Levando as idéias a se espalharem pelo ar
Desprendendo-se de tudo que é material...
Fluindo...
Livremente...
Suspenso...
Pá!
Um lampejo repentino
Traz a realidade do mundo aos olhos
Os movimentos voltam,
Os músculos e a razão retornam
Percebe-se que nada mudou,
Continua só em pensamento
E estado físico,
Mas...
Com a certeza de existir efetivamente,
Como é bom tornar à realidade!