segunda-feira, 3 de janeiro de 2011



RETIFICAÇÃO

Sr. Neruda,
Como disseste em certa ocasião,
Acho que temos nosso canto nascido
Da solidão como castigo!
Castigo ou predeterminação?
Não seria melhor a solidão
Do que dividir o teto,
O amor,
Com Brutos: o manipulador?
Certas palavras nos cortam como faca
Despedaçam nossa alma,
Nosso futuro.
Você não é nada, nunca foi nada
E quer me levar para a mesma fossa de onde viera?
Morra, terra seca e estéril, morra
Em sua própria mesquinharia,
Em sua vida de ilusão,
Em seu consumo falido,
Em seu suporte sem sustentação,
Em seu próprio veneno. Morra!
Recebi uns cortes na mão ócio, por descuido,
Mas aprendi a desinfeta-las regularmente
Aguardando com paciência sua recuperação,
Sua cicatrização.
O tempo,
Só o tempo te mostrará
O quão competente é a vida que te cerca!
Isso se der para você enxergar de lá de baixo,
De lá do fundo do atoleiro fútil que cultivaste,
Boneca de porcelana empoeirada,
Isso se um dia deres conta de se enxergar,
De se ver no espelho e descobrir que nem reflexo conténs,
Por ser vazia:
Sem conteúdo.
Como admiro pessoas que transmitem inteligência!
Como admiro as que passaram por mim...
Meu canto, revolucionário Neruda,
Não nasce da solidão,
Nasce do sofrimento por sermos um nada
Por sermos puro e simplesmente
A significação da palavra
Incompetência!
(bem...
pelo menos esse é meu caso!)