segunda-feira, 3 de agosto de 2009



ANDAR

O sol se põe
Todos os dias
Em frente à minha casa,
Prenúncio do caminhar
Mais intenso
Que já presenciei
Andar loiro
Andar macio
Andar limpo
Andar perfumado
Andar delicado
Andar concentrado
E sempre infiltrado
No seu mundo.
Andar que nunca sai
De seu telefone celular,
Pois só fala com a máquina.
Que vontade de ser tal aparelho
Para nunca abandona-la
Levaria-me onde for
Nas suas caminhadas,
Na escola,
Nas rodas de amigas,
Para dentro de casa,
Na cama,
À mesa,
De frente à televisão,
Nos banhos demorados,
Nos toques carinhosos de frente ao espelho.
Transformaria-me em cada parte de seu corpo,
Ou, poderia ser a voz do outro lado
Uma voz sintética,
Mas cheia de amor;
Te amaria sem cogitação,
Nunca teríamos estática,
Jamais me trocaria por modelo mais novo.
Queria que olhasse para cima
E visse que a amo mais que seu telefone.

...

Pena que para você, não possuo bateria.
Pena que para você, não caibo na sua mão.
Pena que para você, sou de carne e osso.
Pena que para você, em seu mundo
Sou mudo.

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