terça-feira, 18 de maio de 2010



AMÉRICA MAIÚSCULA*

Ímpios,
Somos todos ímpios...
E como somos pequenos...
É com um nó na garganta
Que vejo a dor do meu povo
Que habita essa América colônia,
Dor que parece não ser minha
Pois a vejo em uma tela de projeção
Ou em algum sonho que tive
E me esqueci ao passar do dia.
Se meu idioma fosse o mesmo
Lutaria armado por esse povo?
Acho que não.
Porque nada fiz por meu povo,
Pelos homens de minha língua...
Preciso de um ideal.
Quanta injustiça,
Quanta falta de amor social.
Que pena que só agora,
Aqui do alto,
Depois do pó ao pó
É que percebemos
Que não existe diferença,
Que não existe classe.
Existimos como um só povo
Uma única América unida
No suor de cada indivíduo
Desse continente mais garrido.

Assim como compartilhamos nossa colônia
Compartilhamos nossa alegria...
Terra maiúscula!


*Homenagem às notas de um viajante de Ernesto “Che” Guevara.

segunda-feira, 10 de maio de 2010




PEQUENO MUNDO MENINO

Quando eu tento falar
Minhas ideias ultrapassam
A velocidade da fala...
Me calo!
Em outro momento
De puro regalo
Penso em mim quando menino
Sei que a pureza ainda não extermino,
Vivo em paz e com vida tranquila...
Até onde posso expandir meu mundo?
Esse pequeno mundo,
Bola que cabe na mão
E desaparece em imagem,
Terra magnifica em vastidão...
Pobre menino dividido em três estados,
Viajante de longas estradas
Ganhaste amores por onde passaste,
Perdeste amores de onde partiste.
Onde estarão as flechas destes amores
Hoje cravadas?
Pequeno menino
Sempre achaste que o mundo
A ti pertencias,
Pobre menino que descobriu
Tarde de mais,
Que nem seu pó merecias...
O mundo não te cabe
Miúda criatura
Desmanche logo esse sorriso
Que nos mostra formosura
E esqueça-te da terra,
Dos amores
E de qualquer criatura,
Volte para seu tempo
- seu espaço sem ternura -
E proteja-se dos deuses
Que o querem transformá-lo
Em um exemplo de alvura.
A sua inocência
É o ponto de convergência
Entre a maravilha da natureza
E a maldade do homem
Em seu maior grau de grandeza.
Para que não haja
O fim do mundo
O que nos falta é humildade
Amor e muita, muita
Gentileza...
Dorme menino,
Dorme e sonha
Com seu maravilhoso mundo
Sem qualquer tipo de avareza,
Mundo de sonho esse
Que após acordarmos
Nos pegamos com uma tristeza
Por sabermos que nada mais nos resta
Para alcançarmos a paz
Em tamanha grandeza...
O menino dorme.
O homem dorme.
Os deuses dormem.
Só quem não dorme é o mundo
Cansado de carregar tanto peso,
Tanto sonho,
Dessa população de vagabundos.
Homens e deuses se transformam
No último olhar
Do pequeno menino moribundo:
Fecham-se os olhos...
Cessa-se a respiração...
O que resta é o pó do mundo
No mais vasto
E infértil chão...

sábado, 1 de maio de 2010



POR UM INSTANTE

De...
va...
gar
minha vida caminha,
não corre, anda,
não vira,
não muda.
Mudo, rastejo
de...
va...
gar
em cada caminho,
não escolhido,
sozinho.
Devo
Va...
gar
pelos cantos do mundo
encolhido, cabisbaixo
moribundo!
De...
va...
gar
Penso, vivo e viajo
pelo caminho mágico
que é a vida,
vida quase que um sonho,
só não o é pois nunca a vi
como fantasia,
porém ainda não morri!
Será,
será que
me tornei um asno
por assim existir?
Vou me prevenir
"pois morto é quem quase vive"
e em matéria de morrer
morro absurdamente
depressa!
A felicidade presente
em todo resto
de dia,
deveria ser vivida
eternamente
de...
va...
gar,
porque cada dia
me deixa sem
medo
de me enfrentar...
enfrento-me paralelamente
ao mundo
estupidamente
de...
va...
gar.
Sendo assim
hoje e sempre,
cautelosamente,
anseio viver
prazerosamente
em outro lugar.

Hei de ser
a criatura
que cria
e atura
o mundo
e...
ter...
na...
mente
de...va...gar.