sexta-feira, 28 de agosto de 2009



SURPEFÍCIE SUJA

A mesma superfície da mesa suja
Limpa-se com o passar da mão, caminho
Limpo, cercado de poeira impregnada
Vinda do vento da construção.

O corpo não se limpa com o passar de mão,
A poeira é muita, poeira estacionada
Por trinta e cinco anos. Poeira
Ou pele?

Corpo e mesa redondos, quatro pés
Ambros,
Mas com funções diferentes e modificadas
Pela evolução.
A mesa é para quatro (cadeiras).
O corpo é só.
Um nasceu para ocasião.
O outro por ocasião.
Ambos na junção de corpos.

Mesa e corpo; corpo mesa
Objetos para enfeitar a sala;
A casa; a rua; o bairro; a cidade;
O município; o estado; o país;
O continente; o globo
Enfeite de vidro e ferro e pó.
Enfeite de osso e víceras e sangue, só.

Um corpo como simples objeto:
Corpo utilidade; corpo função;
Corpo que não sustenta a alma,
Porque corpo é mesa:
Mesa de servir jantar,
Mesa de baralho,
Mesa de beber,
Mesa de lamentar
Mesa é corpo
Corpo: mesa de problemas

O corpo vira poeira e pó.
O corpo vira comida de bicho.
O corpo vira gás: incha e explode.
A mesa fica...
A mesa fica...

Mesa
(Teto de cachorrinha preta que me fita com a caneta na mão. Teto de criatura amor, curiosa e arteira.
Teto empoeirado de chão de madeira).


Mesa
Sempre a espera de mais poeira
De mais pó
Vindos de outra construção
A espera de novo corpo que lhe passe a mão.
A mesa fica...

Vou...
E a mesa fica,
Sustentando minhas palavras
Escritas
E um pouco do mundo
Imundo.

2 comentários:

  1. amei sal....muito boa msm..bjos Lubinha

    ResponderExcluir
  2. Cara, onde tira tanta inspiração pra escrever essas coisas?
    mto massa
    legal
    abraços
    LEAL

    ResponderExcluir