quarta-feira, 26 de agosto de 2009




SEMPRE MENINA


Algo estava diferente quando acordei no sétimo dia, o de programa de auditório e almoço em restaurante self-service. Logo que abri os olhos sua imagem me veio à lembrança e recordei o dia em que te conheci. Bem... conheci, não, apenas te vi. Porque foi só isso que me deixou fazer. Ao me ver, escondida atráz de uma porta, logo tombou seu corpo para dentro da casa transformando-se de imediato em uma meia pessoa, de uma simetria bi-lateral perfeita, como a estudada nos livros de biologia; via apenas sua parte esquerda: o olho, meio nariz, mão, ombro, tronco e perna; era a metade de menina mais perfeita que já tinha visto.
Desde então minha vida foi conquistar sua atenção: uma risada, o afeto, um abraço, um simples aperto de mão. Várias foram às vezes que me procurou para sanar suas dúvidas de criança, de adolescente e certa hora de mulher. Aconselhei; protegi; indiquei caminhos a seguir, não sei para que! Você sempre me antecipava e já sabia o que fazer para curar e extinguir a dor do amor. Amor que nunca vivera de verdade. Por enquanto só o encontrou e experimentou em quantidade e pouco teve em qualidade.
Você me trás à tona o amor infantil, sem desejo, amar por amar. Amor que da vontade de exibir o que sei fazer de melhor no jogo de bola; nas empinadas e derrapadas de bicicleta; nos recordes no vídeo game e nas notas da escola. O infantil amor dos olhares no recreio, sempre regados a sol, merenda nos pratos de plástico azul e risadas maldosas dos colegas, que são mais crianças que nós e acham que tal olhar é desejo de se transformar no sexo oposto. Coitados, tão crianças! Não sabem ainda que o amor não passa disso: transforma-se em uma outra pessoa, em uma única criatura.
Torno a ser infantil, eu que já estou velho e barrigudo, no auge da minha gagueira dos trinta e um anos de bebedeira. Velho perante sua vida de alegria. Sua vida intensa. Seus intensos casos. Ah, esses casos! Como tem a capacidade de amar tão fácil uma pessoa, e como ama tanto essa pessoa em um espaço de tempo tão curto. Sempre digo que seu amor é instantâneo, igual a nescau: basta mexer com uma colherinha e pronto! Rápido também é sua facilidade de desamar tal pessoa. A cada encontro que temos você já enterrou o último amor tão fundo que nem arqueólogos mais experientes encontrariam vestígios do desalmado!
Sua felicidade é contagiante; suas histórias deveriam ser escritas e publicadas, seriam best-seler na certa; sua sinceridade nos corta como navalha e nos delicia como o melhor doce da geladeira, que pegamos ao acordar para adocicar a boca amarga; seu sorriso clareia o dia nublado; seus olhos felinos nos tranqüilizam; sua embriagueis nos faz dançar. Nunca perca sua intensidade. E mesmo aos vinte, seja sempre a menina que me faz voltar a brincar...

2 comentários:

  1. a nem que lindo desse poema...acho que sei pra quem vc escreveu né rs...Obrigado pelo carinho de sempre viu..esse poema me emociona toda vez que leio...sou eu mesma rs
    bjos Lubinha

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  2. ah nem!...
    é ela mesmo, Lu, nossa menina!
    esse poema é você inteira,minha irmã amada!!!

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