quarta-feira, 10 de novembro de 2010



URGENTE

Assim é a vida,
Nos usa durante anos
E no final,
Que é quando mais precisamos dela,
Nos abandona!

Já busquei conforto em Neruda
E na eterna luta do povo latino
Contra o imperialismo,
Enquanto isso ela continuava se esvaindo
Pouco a pouco,
Dia após dia...

Pra que lutar tanto se no final somos abandonados
Dentro de um deserto escuro e apertado,
Vivendo em um estado de asfixia eterna
Usando uma roupa que não nos cabe,
Que nos aperta cada instante mais,
Por continuarmos a inchar e soltar gases
Até explodir nossa carne orgânica
Restando apenas os ossos
Que demoram, mas também somem de vez
Desse mundo que nos consome.

Tornamo-nos peça de museu a céu aberto,
Largado ao tempo
Para apreciação de vampiros fotográficos
Que nos arrancam
Pedaço por pedaço
A essência de nossa alma...

Como é difícil ver o tempo passar...
Como é difícil virar sucata...

Como é difícil abandonar...
O único fio de vida
Que nos resta.

Ainda bem
Que fui feito de ferro
E mesmo findo
Vou ficar por muito tempo,
Exposto ao tempo,
E aos olhos de todos
Que saibam o lugar
Onde me encontrar.

O deserto onde agora jaz meu corpo
Torna-se lugar de peregrinação
De pessoas que como eu
Não souberam,
Por alguma razão,
Que a vida
Era para ser usada
Sem restrição.

2 comentários:

  1. Da vida não se deve esperar... deve-se buscar sempre... eh essa busca que te falta... viver!

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