quarta-feira, 2 de maio de 2012


A TELA DE TODOS

Tenho vontade de pintar. Sinto que posso criar coisas incríveis, minha imaginação imagina que posso romper qualquer barreira, as cores se misturam em minha mente, meu daltonismo se cura, a combinação de cor pare nova cor. O quadro está diante de mim, pronto já tenho milhares, terminado não tenho nenhum, também quadro não se termina, sempre fica a acabar, assim são minhas idéias, minhas vontades, meus desejos. Tenho que um dia pegar no pincel, esquecer tudo, o medo, a insegurança e começar a traçar a primeira linha, torta que seja, mas que se mostre decidida e contínua. Fujo então do quadro mental para desenhar a vida material, que como a tela não terá fim, apenas um começo, um meio... enfim...
Fico pensando como seria bom sujar as mãos de tinta, colorir os calos doloridos, errar com facilidade, pintar por cima, mudar a paisagem. Facilidade, é a chave de qualquer felicidade, de qualquer momento de criação, facilite, feche os olhos, se veja fazendo, faça! Olho para minha mão toda colorida, sinto a frieza da tinha, o cheiro de química, o enrugar da pele ao secar do acrílico. Como é bom deixar de sonhar e começar a pintar.
O pano já tem fundo, formas tridimensionais, erros propositais, cores berrantes, manchas errantes, cada hora num tom tornam-se parte da figura, murmuro: então assim é a vida!
Cada certo se borra um errado? Se na vida acertarmos a metade e errarmos na mesma proporção o quadro ainda será belo, com manchas itinerantes, mas ainda será lindo. A moldura que não deve ser colocada, deixe que tenha forma própria a bela tela da linda vida.

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